terça-feira, 5 de junho de 2012

Até que a morte NÃO nos separe...




Há dias, em conversa com um amigo, chegamos à conclusão de que “as relações devem ser geridas como empresas”.



Terem uma espécie de organização com Direcção de Recursos Humanos, para definir responsabilidades e o âmbito das funções de cada um; com Direcção Financeira, para construir o orçamento e decidir a forma de afectação das verbas disponíveis; com Direcção Comercial/Marketing/Relações Públicas porque isto da vida em casal implica a capacidade de sociabilizar com os outros num jogo que muitas vezes é de troca, outras de charme, outras de protocolo; Direcção de Operações para assumir a logística da coisa, principalmente se existirem filhos e cães.


É claro que em teoria penso assim. Assumo, sou uma teórica.


Em teoria creio que todas as mulheres crêem pensar assim, pois quanto mais falo com amigas emancipadas mais ouço discursos pragmáticos muito bem estruturados sobre partilha de espaço, cama e roupeiro, como controle absoluto de sentimentos e absorção instantânea de lágrimas.


A questão é que o meu colega, homem, ainda por cima engenheiro, conseguirá muito bem gerir a sua vida privada segundo um modelo empresarial. Agora eu, que apesar de tudo me considero “muito homem” quando comparada com as ressabiadas, histéricas e melodramáticas que vejo por aí, posso até tentar ser membro executivo do Conselho de Administração desta estrutura emocional e familiar em que me apoio, mas no final, entre patuscadas, piqueniques e cusquices , não consigo retirar do cenário que imagino para o meu destino: a tal estrada amarela que percorrerei de mão dada com o companheiro de uma vida até alcançar o arco-íris.


Tenho repetido sempre que um casal só funciona se a relação for uma sociedade. Aquela coisa de ter objectivos comuns, uma forma semelhante de encarar o presente e planear o futuro, um esforço de equipa para que os resultados se atinjam. Depois de ter tido uma empresa, sei que esta história das sociedades é uma grande treta!


Não sei o que faz uma relação funcionar.


Ultrapassam-me as razões pelas quais duas pessoas se apaixonam, muito mais porque permite o tempo que a paixão que em algum momento foi amor, se esfume num sentimento de amizade sem sabor nem memória.

Sei que há pessoas com personalidades tão diferentes que aos olhos dos outros são incompatíveis, mas que na alma são siamesas.

 
Outras há, que de tão complementares são apenas meros companheiros unidos por um pacto de sangue, como escuteiros.


Percebo que muitas pessoas passem a vida a procurar o Príncipe Encantado sem realizarem que a figura do Príncipe que procuram é uma mistura das personagens que entraram e saíram das suas vidas.


Entendo que muitas pessoas se mantenham de mãos dadas porque o medo da solidão as atemoriza.


Mas tenho como certo, que seja o que for que nos atraí para uma pessoa, a ligação só perdura quando a pele se cola, os corações se fundem e os corpos respiram em sintonia. Embora tenha consciencia que o casamento não é só isso.


Invejo por isso a imagem que partilho, em que um casal, ao antecipar uma morte certa, escolheu apagar-se num abraço que nunca mais se desfez. É muito dificil, ao fim de 30 anos parece-me que a morte seria mais doce e menos dolorosa... Ok só passaram duas semanas do divórcio efectivo, ainda estou meio atordoada tudo parece distânte e a funcionar ao relantin.









Um comentário:

Antonio Cícero da Silva(Águia) disse...

Interessante. Perfeita criação escrita... Parabéns...