Quantas vezes não senti vontade, de mergulhar num mar bravo e saborear as ondas em fúria que galgam as rochas deixando-as cobertas de espuma branca como se fossem um mar enraivecido.
Esse mar que por ser tão selvagem, me encanta e me desperta o desejo de saborear e sentir suas águas tocarem o meu corpo.
Mas.... E nesse mas, há um pensamento, que me faz parar, recuar e me leva a reflectir as consequências desse desejo. O que acontecerá quando, sem pensar me deixar levar, fechando apenas os olhos e me entregar ao desejo, à aventura, à vontade de beber e saborear o gosto de toda essa imensidão de água. Essa água que pelos seus movimentos tão fortes me leva a pensar o que serei nos no meio daquela imensidão?
Pensamos que somos fortes, e quando nos deparamos com uma força desta natureza acreditamos que podemos ser levados muito para além do que desejávamos experimentar, porque o mar também tem vontade de sentir o nosso corpo, experimentar o nosso calor e nos levar pelos seus caprichos, pela sua vaidade, pelo poder que ele próprio nos transmite.
Por tudo isto, eu sento-me na areia à beira do mar e vou deliciando o meu olhar, quando o vejo chegar e apenas tocar os meus pés, ou as minhas mãos, porque ai sou eu que o quero tocar...
Por vezes é melhor olha-lo de uma falésia, onde ele não consegue chegar. Ao vê-lo cá bem de cima e já sem receios, apenas apreciamos os seus movimentos, a sua cor, sentimos o seu cheiro, a sua brisa e vemos a sua espuma que desaparece, quando toca os pequenos grãos de areia, que ele próprio os fez, quando com a sua bravura destrui as rochas que o impediam de chegar ao seu destino e assim concretizar o meu sonho...
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